O que significa o “Novo Normal” na prática? Conhece alguma empresa que já tenha começado a fazer algo concreto para que em 2021 seus negócios já tenham um novo modus operandis? Ou melhor: quais tendências do futuro você viu sendo 100% antecipadas nos últimos 4 meses?
O fato é que o “De → Para” ainda não aconteceu e todos estão empenhados em entender e validar as mudanças e definir novas estratégias para que cada um possa encontrar o seu “novo normal”. E não há nada de anormal nisso.
Então vamos tentar aterrissar o assunto e traduzir em 3 pontos que consideramos cruciais abordar:
É uma palavra/conceito que vem sendo evitada, mas o fato é que ela existe. Sempre há uma estrutura organizacional, um chefe, um líder de projeto ou squad. E como ficam as imagens desses líderes e liderados após videochamadas com os filhos aparecendo, ouvindo sons ou palavras que ninguém deveria ter escutado?
Caiu a Hierarquia? Acho que não, mas humanizamos ela. A obrigação de sermos super heróis, parece ter se desfeito. Não há mais vergonha ou constrangimento em falar que precisamos de uma pausa para providenciar o almoço do filho, por exemplo.
Comando e controle é um outro meio de gestão, em tendência negativa, que parece ter perdido mais ainda o sentido. Você pode até comandar, mas como vai controlar? O excesso de calls pode apenas ser mais uma nova forma de controle. E não há nada de novo por aí.
Como seria a construção de uma hierarquia humanizada na sua organização, já pensou sobre isso? Que tal começar a observar e entender como as relações hierárquicas mudaram na sua empresa durante esse período. Pode ser que algumas falhas estruturais na organização estejam mais aparentes. Aproveite para entender e consertá-las.
Embora ter pessoas satisfeitas na organização seja um grande indicador de sucesso, talvez não seja o suficiente. E nos últimos meses de pandemia, com todos fisicamente longe, nos pegamos tentando entender as condições sócio/emocionais do nosso time, empiricamente nos desdobrando para entender quem possui maior ou menor grau de auto gerenciamento. Nos debruçamos nos indicadores de RH, talvez com um grau de profundidade nunca feito.
Você sabe qual time você precisa para que sua empresa alcance os resultados estratégicos nos próximos 5 anos? Já se viu mais focado em controlar turnover (variável que, convenhamos, não é 100% controlável) do que em gerar um ambiente e condições de trabalho para que enquanto o funcionário esteja com você consiga dar o seu melhor e entregar bons resultados. Isto posto, como está a sua gestão do conhecimento? Se o tempo médio de um funcionário de TI nos grandes players globais é 1,6 anos, gestão do conhecimento é também um tema estratégico na gestão de pessoas.
O fato é que as relações de trabalho já vinham mudando e elas foram aceleradas. Montar uma estrutura interna de gestão de pessoas profissional será essencial no novo normal. Se você já tinha intensifique caso contrário nunca é tarde para começar. Gestão de Pessoas é diferencial competitivo, pense nisso.
O 1º passo para selecionar as pessoas certas é saber o que você espera e precisa dessa pessoa, estamos falando de hard skills (formação acadêmica, domínio de idiomas e ferramentas, por exemplo) e soft skills (os traços da personalidade daquele indivíduo os quais irão indicar como ele irá se comportar nas mais diversas situações).
Por que é mais fácil montar squads internos do que contratar novas pessoas? Porque conhecemos quem está dentro da empresa. Portanto no seu processo seletivo é preciso ir além do conhecimento técnico e nos aprofundarmos nos assessments de personalidade, tentar prever comportamento e construir times balanceados. Todos estes serão fatores fundamentais para a nova seleção de talentos na sua empresa.
Precisamos reconhecer os indivíduos mais auto gerenciáveis, capazes de aprender e se adaptar com facilidade, com maior estabilidade emocional e com vontade de entregar valor. E as empresas não estão passivas nesse contexto, buscando apenas o super funcionário, também é preciso preparar, ensinar e ouvir. Construam juntos o seu novo normal.
Texto escrito por Karol Branco e Patrick Gouy